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domingo, 24 de junho de 2007

orgasmos literários



Você já leu algo capaz de te provocar orgasmos literários?
Algo que te deixa sem fôlego, extasiado, sem controle sobre você?
O meu primeiro orgasmo literário foi com Álvaro de Campos, heterônimo do Fernando Pessoa, o que me deixou em estado de êxtase foi "Tabacaria", mas foi algo induzido, fui em busca desse poema porque queria entender a gigantesca admiração do Antonio Prata. Foi algo fantástico, quase perfeito.
Dizem que a segunda vez é ainda melhor. E realmente foi. Talvez porque eu tenha descoberto sozinha.
O título não chamou minha atenção. "Brasília : 1962". Mas foi só começar a ler que eu fui me surpreendendo. "Minha insônia sou eu, é vivida, é o meu espanto". "O espanto inexplicado". "Um novo mistério". "Eu estava sozinha no mundo". "Além do vento há uma outra coisa que sopra". "Olhos esquivos e inquietos". "O inferno me entende melhor". Todas aquelas frases encaixavam-se perfeitamente em minha boca, e diante de tanta turbulência mental, eis que surgem as que concederam-me o mais perfeito orgasmo literário que já tive : "Há alguma coisa aqui que me dá medo. Quando eu descobrir o que me assusta, saberei também o que amo aqui. O medo sempre me guiou para o que eu quero; e, porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo quem me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado". Ela escreveu tudo aquilo que eu sempre tentei colocar no papel e nunca consegui. Como alguém pode descrever tão perfeitamente aquilo que eu sinto, aquilo que eu sou? Não sei, não entendo e é bobagem querer desvendar o por que de um orgasmo - mesmo que ele seja literário!
Agora começo a conhecer um pouco mais do mundo da Clarice, e que fique bem claro: conhecer não é enteder, porque como disse a própria: "Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

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